A psicologia humanista surgiu em meados do século XX em resposta às limitações da teoria psicanalítica de Sigmund Freud e ao comportamentalismo de B. F. Skinner e aos seus reducionismos e mecanicismos. Ambas as teorias apresentavam uma visão do homem que não primava pela beleza ou possibilidades. A primeira via o homem como uma vítima do seu inconsciente enquanto que a segunda via o homem como um objeto a ser analisado e controlado.
A psicologia humanista, na tradição que inclui Sócrates e os pensadores do renascimento, tem uma abordagem que enfatiza a motivação inerente ao indivíduo rumo à sua autoatualização. Se está familiarizado com a pirâmide de Maslow, na sua hierarquia das necessidades, verá que a autorealização será a motivação mais elevada de qualquer humano. A abordagem humanista vê o ser humano como um ser pleno de potencialidades que pode ver a sua realização facilitada na relação com um profissional. As pessoas teriam então o potencial para se desenvolverem e quando este potencial é libertado as pessoas serão capazes de se mover para uma realidade em que são mais autónomas, socialmente construtivas e em funcionamento ótimo.
Um dos representantes maiores da psicologia humanista foi Carl Rogers. Segundo este psicólogo e psicoterapeuta, na sua abordagem centrada na pessoa, Rogers recusasse a aceitar a pessoa que o procura como doente ou paciente. Podemos ver já aqui uma primeira base para o coaching, já que neste sentido, as pessoas que procuram estes serviços são consideradas saudáveis e possuindo os plenos recursos para a sua transformação.
O coaching, como o conhecemos nos nossos dias tem um pendor visivelmente humanista e consegue perceber-se facilmente a influência da psicologia humanista no mesmo, em particular a abordagem Rogeriana.
No coaching acredita-se que o cliente ou coachee tem todos os recursos necessários para fazer a própria transformação pessoal. Esta é já uma visão que vem da psicologia humanista que tem como base, em Rogers, a tendência atualizante. Esta é a tendência que todos os organismos têm de ser a melhor versão de si num determinado momento do espaço tempo.
Outras dimensões da psicologia humanista que se veem presentes no coaching são aquelas que Rogers classificou de condições necessárias e suficientes para a mudança construtiva da personalidade. Resumindo, são três atitudes que se encontram em muitas das publicação de coaching contemporâneo. A primeira é a congruência, por vezes equivocadamente referida como genuinidade, e que tem que ver com uma sintonia entre o que é experienciado, o que é simbolizado na consciência e o que é expresso. A segunda, a empatia, que se pode traduzir no sentir-se como se estivesse na pele do outro, sem esquecer o “como se” e por fim, a terceira, a aceitação positiva incondicional, que se traduz num olhar positivo para tudo o que diz respeito ao cliente por parte do facilitador e permite o
dinamismo da tomada de consciência dos conteúdos que não tinham tido até então esse direito.
Seja o processo denominado de coaching ou de psicoterapia, o resultado mais importante que pode haver é que, no caminho em direção de um eu real a um eu ideal, a pessoa, pelos feitos que atingiu ou pela tomada de consciência que fez, se possa conhecer a si próprio e que de tanto ter sido aceite e compreendida, possa também conseguir aceitar-se e compreender-se no grau máximo. Isso terá, com certeza consequências profundas na forma como vê o mundo, a forma como deseja o mundo e a forma como conseguirá aquilo que quer para si e para os outros.
Bibliografia
António José Constantino
Coach / Psicólogo