A Gestão do Capital Intelectual assume-se nos nossos dias como um desafio que se coloca a todas organizações, e não apenas das organizações de capital intensivo ou de base tecnológica, sendo contudo importante reconhecer, que das teorias desenvolvidas pelos investigadores e dos discursos dos nossos Gestores á realidade empresarial há um longo, complexo e árduo, mas imprescindível, caminho a percorrer.
É contudo inegável que todos reconhecemos que o valor de determinada organização depende, cada vez com maior intensidade, dos seus intangíveis, em particular o seu capital intelectual, assumindo-se que este, tal como Karl Erik Sveiby o reconhece “ … pode ser dividido em 3 dimensões: competência dos colaboradores (representa o potencial e a sua capacidade intelectual), estrutura interna (relacionada com os ativos intangíveis internos da empresa, que suportam todas as atividades operacionais), estrutura externa (ativos intangíveis externos à empresa, tais como relacionamentos seja com clientes, seja com fornecedores, além da própria imagem de marca e a própria reputação da empresa no mercado).
Interessante também é a definição dada por Daintry Duffy que refere que o Capital Intelectual “ … é será a soma do capital estrutural com o capital humano, capaz de mostrar o que se pode ganhar no futuro, segundo o ponto de vista humano. Resumidamente, representará a capacidade que a organização tem, de ter um processo de inovação contínuo, de forma a obter ganhos quantitativos”.
Ou seja, o Capital Intelectual, não enquadrado nos resultados económico-financeiros das organizações que as organizações apresentam ao mercado, e nos seus bens tangíveis, constitui, num contexto da economia do conhecimento, um fator determinante, diferenciador, difícil de imitar e em rápida evolução, para a sustentabilidade de qualquer organização, mesmo para uma Camara Municipal, cujos processos e serviços disponibilizados são fortemente influenciados por um quadro regulamentar, às vezes castrador, indutor de perdas de flexibilidade e inibidor da criatividade, ou para um Jardim de Infância, na qual a diversidade dos estímulos e das fatores que influenciam a relação técnico/criança exige uma motivação permanente, uma competência suportada numa robusta experiência e num conhecimento tácito inegável e nem sempre codificável.
Constituindo o Capital Intelectual o fator mais importante para a criação de valor, não é fácil compreender porque é que o mesmo não é avaliado economicamente e enquadrado nos sistemas contabilísticos atuais, com o propósito de estimular, não só uma justa avaliação de algumas empresas, mas também uma gestão do mesmo, mais orientada para a sua valorização, na qual obviamente enquadramos a gestão dos talentos.
Será que poderemos avaliar o Capital Intelectual com base na diferença entre o valor que o mercado atribui à empresa e o seu valor contabilístico?
Nos próximos artigos exploraremos outras abordagens a este desafio, concretamente uma leitura simplificada dos métodos Navigator e os Modelos Skandia e Sveiby.
A gestão do Capital Intelectual assumir-se-á, não só como uma área de intervenção preferencial para os nossos investigadores, mas também como uma relevante função em toda e qualquer organização, assumindo-se que a sua gestão começa na definição da estratégia e não se limita á gestão dos recursos humanos, em toda a sua dimensão.
Júlio Faceira Guedes
XZ Consultores SA