É unanimemente aceite, quer trabalhadores, quer pelos gestores e acionistas, que as organizações para se manterem competitivas num mercado caracterizado por uma permanente, rápida e dramática mudança e uma profunda incerteza, indutora de uma instabilidade e angústia social, têm de repensar e atuar de uma forma continua sobre os fatores que mais intensamente influenciam o seu negócio, os quais podem evoluir de uma forma disruptiva.
Fatores tais como a redução dos seus custos, a otimização dos recursos, a produção e valorização do conhecimento, o reforço da criatividade, o foco no valor a proporcionar ao cliente, a primazia à inovação, …, são reconhecidos e aceites como estruturantes e imprescindíveis para assegura a sustentabilidade de qualquer organização.
Contudo é também reconhecido que a valorização da sua dimensão social, o respeito pela comunidade de homens que constituem cada organização, a promoção dos valores sociais, a orientação para a satisfação das necessidades da sociedade, particularmente os mais fragilizados, assumem-se cada vez mais como fatores distintivos e marcantes da imagem e na cultura das organizações.
O mercado, também em consequência do poder das redes sociais, começa gradualmente a penalizar as organizações que evidenciam práticas laborais que facilitam a exploração da mão-de-obra, incluindo a infantil, que estimulam a diferenciação entre as oportunidades proporcionados proporcionadas aos homens e às mulheres, que não promovem a existência de adequadas condições de higiene e segurança e que demonstram condições ergonómicas inadequadas a quem realiza o trabalho.
No final dos anos 50 assistiu-se à explosão de um novo movimento da gestão nas organizações, materializado no surgimento de inúmeras normas que explicitavam um conjunto de regras promotoras da implementação de Sistemas de Garantia da Qualidade, também relativamente à Responsabilidade Social das Organizações surgiram, particularmente após o início da década de 90, um conjunto de Códigos de Conduta, cuja proliferação, com todas as desvantagens daí decorrentes, conduziu à criação, pelo CEPPA de uma Comissão Técnica a qual estabeleceu um conjunto de regras que têm na sua base objetivos fundamentais, entre os quais podemos destacar os seguintes: Melhorar e estimular a Responsabilidade Social das Organizações, Promover a Ética na Gestão e a Melhorar as Condições de Trabalho. Essas regras foram consolidadas como requisitos na norma SA 8000 (Social Accountability 8000).
Esperemos que estes instrumentos de gestão permitam a cada empresa assumir a sua responsabilidade social, num contexto de crescente degradação das relações sociais, de ausência de valores, entre os quais os de cidadania, de desprezo pelos idosos, de pobreza envergonhada, de insuficiência de pão em muitas mesas, …
Júlio Faceira Guedes
XZ Consultores SA