Como interpretar a recente redução do desemprego?

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Qualquer informação sobre a redução do desemprego é sempre uma excelente notícia, quer para os atuais desempregos, quer para a sociedade portuguesa, quer obviamente para aqueles quer obviamente para aqueles que reentrarem, ou integram pela primeira vez, o mercado de trabalho.

Contudo é necessário interpretar os dados de uma forma tecnicamente correta, prudente, ética e independente do calor da discussão política, a qual é sistematicamente enviesada face a interesses, que obviamente são diferentes nos diferentes atores e frequentemente influenciados por motivações eleitoralistas.

É verdade que o Índice de Oferta de Emprego tem vindo a aumentar nos últimos meses, mas também é inegável que os mais de 100.000 portugueses que emigraram e os muitos que deixaram de procurar emprego e de usufruir do subsidio de desemprego, deixaram de ser considerados para efeitos do calculo da taxa de desemprego a qual evoluiu dos 17.7% do inicio do ano para os 15,3% no final do ano.

Contudo, destes quase 8% constituem o desemprego estrutural, ou seja aquele que dificilmente reintegrará o mercado de trabalho, face às suas qualificações, idade, sexo, perfil contributivo, ….

A generalidade dos economistas, incluindo a Comissão Europeia e o Banco Europeu, consideram que a criação líquida de emprego só acontecerá quando a nossa economia crescer mais de 3%, ou seja muito mais do que o 1% que algumas entidades preveem para o nosso país em 2014.

Estranho são as informações provenientes dos Centros de Emprego que referem o facto de mais de 15% das ofertas de emprego serem dificilmente preenchidas, muitas vezes meses após a solicitação dos empregadores. Aliás são frequentes as informações dos empresários que constatam a dificuldade de recrutarem profissionais para algumas áreas e horários.

Os próximos meses serão fundamentais para que possamos concluir sobre a sustentabilidade da redução do desemprego, sendo também importante monitorizar os novos modelos que sustentam muitas das relações contratuais, concretamente o trabalho a tempo parcial, o teletrabalho, os prazos dos novos contractos cada vez mais indexados a uma atividade relevante, tal como um projeto, uma obra,.., o efeito dos estágios remunerados, … .



Júlio Faceira Guedes
Administrador da XZ Consultores SA

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