Segurança versus Produtividade

... e o impacto sobre o trabalho do Técnico Superior de Segurança

 

O Homem não é uma máquina…

Segundo a Agência Europeia para a Segurança no Trabalho, a cada três minutos e meio morre alguém na União Europeia, em consequência de um acidente de trabalho ou de uma doença profissional. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 460 trabalhadores sofrem um acidente de trabalho a cada minuto que passa. Estima-se que ocorrem mais de 2,3 milhões de mortes, em todo o mundo, vítimas de doenças ou acidentes provocados pelo trabalho.

De acordo com os dados do PORDATA, verifica-se que entre 2000 e 2010 o número de acidentes de trabalho tem vindo a diminuir significativamente, tomando o valor de 208 no último ano considerado. Contudo se observarmos dados anteriores a este período, mais concretamente em 1993, o número de acidentes foi inferior, rondando os 180.


Gráfico - Acidentes de Trabalho: Mortais

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Fonte / Entidades: GEP/MSSS (até 2009); GEE/MEE (a partir de 2010), PORDATA

Contudo, estes valores são dados que dizem respeito aos acidentes registados, não considerando as ocorrências que não são documentadas, agravando ainda mais este cenário. Assim como os indivíduos que se encontram incapacitados (permanentemente ou temporariamente), sendo por isso praticamente impossível, ter uma visão realista e mensurável ao nível dos custos sociais e económicos.

Hoje, mais do que nunca, a produtividade é um fator muito importante na competitividade e na sobrevivência das empresas. O fator produtividade depende de vários princípios nomeadamente os que afetam diretamente as condições de conforto, de bem-estar, de saúde, higiene e de segurança dos trabalhadores. E numa época em que, a preocupação com os custos associados a matérias como a da Segurança e Saúde no trabalho (entre outros!), e a redução ao máximo de todo aquilo que é teoricamente dispensável, está na “moda”, seria interessante que alguns Empresários refletirem um pouco, sobre os custos associados às indeminizações por acidentes e/ou doenças profissionais. Porque sejamos sinceros, mais vale uma vida segura, do que mil seguros de vida…

A relação dos trabalhadores com o ambiente de trabalho, onde operam é muito importante, sobretudo nesta fase de incertezas e de competitividade extrema, que estamos a enfrentar. Na verdade, o aumento da produtividade; menores custos; a diminuição dos acidentes de trabalho; menores taxas de absentismo; diminuição da rotação de trabalhadores e trabalhadores mais felizes e produtivos são objetivos perseguidos por todos os empreendedores (se não são, deveriam ser!) que pretendam manter-se no mercado e vencer a concorrência e, todos estes aspetos estão ligados com a ergonomia, entendida como uma ciência que estuda toda a interação entre os trabalhadores e os respetivos ambientes e postos de trabalho, mas também com o ruído; a iluminância; o ambiente térmico; produtos químicos e biológicos, entre outros.

O risco de acidente, já mais será reduzido somente através do uso de equipamento de proteção individual (EPI), mas antes com a eliminação/minimização do risco na fonte. Os EPI´s são sempre usados em último recurso e/ou em complemento com os equipamentos de proteção coletivos (EPC´s). Por isso, abra as portas para a Segurança, Você é a chave! Sensibilize os colegas. Mais vale prevenir que remediar…

A atual legislação sobre segurança e saúde no trabalho, obriga a que as empresas tenham atenção e preocupem-se com a forma como os trabalhadores se relacionam física e também emocionalmente com o local, o ambiente, os postos de trabalho, os instrumentos e máquinas utilizadas e ainda com os colegas de trabalho. Todos estes motivos têm conduzido a uma atuação cada vez maior, por parte das chefias superiores, no sentido de promover um bom ambiente de trabalho e consequentemente melhorias ao nível da produtividade. Penso que nesta altura já ninguém dúvida, que estes dois conceitos – Segurança e

Produtividade - caminham de mãos dadas em direção ao tão desejado, longo e cobiçado caminho para o Sucesso.

Mas, enquanto houver uma aceitação do trabalho infantil, (e Todos sabem que ele existe!), enquanto houver trabalho escravo e contratações ilegais, promessas de trabalho no estrangeiro que são autenticas burlas, obrigando os trabalhadores a trabalhar 16h /dia em condições miseráveis sem remuneração, enquanto houver mulheres grávidas que omitem a gravidez, com receio que o seu contrato de trabalho não seja renovado nos próximos meses, entre muitas outras situações, o trabalho do Técnico Superior estará para sempre comprometido… Proteger o trabalhador e arriscar perder o emprego ou ficar do lado da entidade patronal? Ser cúmplice ou denunciar a situação? Eis a questão!

A eliminação de algumas das piores formas de exploração, o trabalho escravo e o trabalho infantil, é um dos grandes desafios, assim como a inserção destes trabalhadores na sociedade e dar-lhes a dignidade merecida.

Apesar de ser repudiado pela sociedade, o trabalho infantil é uma realidade e acontece em diferentes lugares do mundo. De acordo com a UNICEF, os principais fatores que causam este fenómeno são a pobreza e o desemprego.

No entanto, apesar dos avanços, as dificuldades na fiscalização associada à falta de políticas públicas dificultam o processo de erradicação de ambas as situações.

De acordo com OIT, os trabalhadores infantis vivem em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, sobretudo países subdesenvolvidos, todavia nações desenvolvidas também já enfrentam esse problema. Do número total de crianças trabalhadoras no mundo, cerca de 200 milhões delas não desfrutam do descanso semanal. Pelo menos, dois terços dos acidentes de trabalho, que acontecem em alguns países resultam de trabalhos infantis.

Os direitos dos trabalhadores não deveriam ser apenas da responsabilidade das empresas, mas deveriam sim tornar-se políticas públicas. Porque os frutos colhem-se com o contributo de Todos! Em prol do desenvolvimento de uma Sociedade mais igualitária, humana e justa ao nível dos Direitos Humanos e Direitos Laborais.

O Homem não é uma máquina… fica cansado, por vezes doente, tem frio e fome. O Homem tem sentimentos, receios e necessidades. E não é por acaso que os acidentes e doenças profissionais acontecem todos os dias, em todo o Mundo.

O trabalho com Qualidade, Segurança e Respeito pelo Meio Ambiente, gera Progresso, gera Confiança e por consequência conduz a aumentos na Produtividade.

E enquanto não respeitarmos estes três elementos, ficaremos para sempre aquém de Nós mesmos…

A SUA MAIOR PROTEÇÃO É A PREVENÇÃO! DESCUIDO É UM RISCO, PENSE BEM NISSO...


Vânia Campos

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