Ao longo das últimas décadas, o conceito de economia social tem vindo a ganhar um peso e relevância cada vez maiores do ponto de vista político e jurídico, quer a nível nacional, quer a nível europeu.
Na sequência do Ato Único Europeu de 1986 e da construção do mercado interno, a União Europeia começou a olhar para a economia social não só enquanto uma ferramenta essencial para a plena realização de um mercado europeu sem fronteiras, mas também como uma solução para o combate de novos desafios sociais e promoção de um desenvolvimento sustentável.
As complexas dinâmicas sociais, que não são exclusivas da sociedade portuguesa, têm gerado novas formas de exclusão, novas armadilhas de pobreza e novos riscos sociais.
Nenhuma sociedade democrática e moderna pode florescer se não cultivar os valores da solidariedade, da confiança interpessoal, da subsidiariedade e da participação em tarefas comuns.
Ora, isto traduz desde logo a importância que a Economia Social e o chamado Terceiro Sector desempenham numa sociedade moderna porque estes são precisamente os valores que os orientam.
Daí serem tão decisivos os exemplos que nos chegam todos os dias de inovação social, de empreendedorismo social, da responsabilidade social das empresas e do voluntariado. Sem esses exemplos, sem esses atos quotidianos, o tecido social torna-se cada vez mais fraco e a comunidade perde vitalidade.
Segundo o conceito de organizações de economia social adotado pelo INE, a Economia Social – em Portugal, em 2013, representava 2,8% do PIB (mais do que eletricidade, agricultura, silvicultura e pescas, telecomunicações, têxtil, madeira, pasta e papel, etc.), 6% do emprego remunerado e 5,2% do emprego total (mais do que saúde, têxtil, transportes, banca e seguros, telecomunicações, eletricidade, etc.).
A Economia Social incluía 61268 organizações!
A Economia Social é um instrumento precioso de coesão territorial.
As IPSS, as Misericórdias, as Cooperativas, as Mutualidades, as Associações de desenvolvimento local, de recreio e lazer, as Fundações e outras organizações, formam uma rede cada vez mais indispensável de sustentação da coesão territorial e desenvolvimento local.
Com a Economia Social temos a promoção do consumo de produtos de base local, que têm contribuído para o equilíbrio da nossa balança comercial. Temos emprego que não se deslocaliza por pressão da globalização ou das alterações das circunstâncias económicas. Temos organizações que estão particularmente vocacionadas para empregar aquelas pessoas que mais dificuldades teriam em ingressar no mercado de trabalho concorrencial.
Queremos uma sociedade que não deixe ninguém para trás.
A sociedade mudou e as populações acompanharam essa mudança.
Mais do que nunca é necessário ir ao encontro dos vários potenciais das organizações e otimizá-los, potenciá-los, criando sinergias e novas mecânicas.
A Economia Social é uma máquina viva com tremendo potencial.
Só reconhecendo esta característica será possível conhecer o seu impacto real e o seu impacto potencial, alcançado, este último, através da implementação de políticas de melhoria contínua, alicerçadas num investimento ao nível da estrutura organizacional e concetual e num investimento contínuo e intencional nos recursos humanos.
Susana Amaral, Gestora de Clientes, XZ Consultores