Portugal é, de acordo com a generalidade dos estudos realizados pela OCDE e FMI um dos países da Europa com uma menor produtividade do trabalho, reconhecendo-se, contudo, a inequívoca evolução desde 1995, ano no qual a produtividade aparente por trabalhador era de 18.177 euros, até 2015 ano no qual o mesmo indicador assumiu um valor próximo 36.200 euros, evidenciando uma evolução marcante na primeira década do presente século e mantendo-se, praticamente, inalterado desde 2012.
Tal evolução está alinhada com a do PIB que, desde 2009, apresenta um crescimento negativo, com uma profunda quebra em 2012, ano durante o qual o PIB caiu quase 5%.
Uma análise comparativa com a realidade de alguns países europeus, mostra uma preocupante realidade, que merece uma profunda reflexão, sem a qual poderemos ter necessidade de, brevemente, recorrer a uma nova ajuda externa.
De acordo com o Eurostat e a PORDATA, a produtividade do trabalho, por hora trabalhada, em 2016, numa base de 100 para a UE 28, foi a seguinte:
Reconhecemos que algumas das causas da débil produtividade das organizações portuguesas são externas á gestão de cada uma destas, tais como a lenta e, por vezes incompreensível, justiça, a qualidade de alguma da legislação, o modelo de funcionamento de alguns serviços públicos, a constante alteração do quadro fiscal, os elevadíssimos impostos, diretos e indiretos, …, contudo outras há que podem, e devem, ser geridas pelos empresários com o propósito de melhorar a produtividade, fator fundamental para a criação de riqueza e sua equitativa distribuição, para a redução da pobreza, para o reforço da coesão e inclusão social, para a qualidade de vida das futuras gerações, …
Uma das áreas nas quais os gestores podem intervir á a gestão da segurança e medicina ocupacional, não como mais uma obrigatoriedade legal a cumprir, mas sim como um conjunto de instrumentos e de competências, que, quando eficaz e eficientemente assumido, pode influenciar a implicação, a motivação, o bem estar e a saúde dos nossos trabalhadores, condições imprescindíveis para a redução dos acidentes de trabalho, a minimização das ausências ao trabalho e a sua orientação e consciencialização para a melhoria continua da sua produtividade.
A sociedade portuguesa não pode continuar a assumir os elevados custos inerentes aos trabalhadores acidentados, aos trabalhadores doentes e aos que, antecipadamente, foram obrigados a reformar-se consequência das condições de segurança inerentes ao trabalho.
Júlio Faceira, Administrador da
XZ Consultores, SA