O mercado global que temos atualmente trouxe consigo mudanças significativas ao nível das exigências dos clientes no que diz respeita aos requisitos da qualidade. Assim, as organizações têm vindo a adotar práticas que propiciem uma melhoria da competitividade e que garantam qualidade nos processos e serviços fornecidos. Estas práticas padronizadas regem-se por normas do sistema de gestão, nomeadamente o conjunto de normas ISO 9000.
A norma ISO 9001 foi alvo recentemente de um processo de atualização tendo sido uma das principais alterações a inserção da gestão de riscos no sistema de gestão da qualidade.
A questão que se coloca é a de saber como integrar a gestão do risco nos sistemas da qualidade. O Sistema de Gestão da Qualidade é uma ferramenta ao serviço das organizações que possibilita que as mesmas aumentem a sua competitividade. Esta ferramenta baseia-se na interdependência de processos que trabalham para o mesmo fim, isto é, a qualidade nos processos e serviços fornecidos e, em última instância, a satisfação do cliente.
Em setembro de 2015, a publicação da nova versão da norma ISO 9001 colocou a tónica num pensamento e numa prática que até então estavam implícitos: o pensamento baseado no risco. O pensamento baseado na Gestão de Riscos (“Risk-Based Thinking”), tal como determinado na ISO 31000, tem como objetivos melhorar a satisfação do cliente, assegurar a qualidade dos produtos e serviços e estabelecer uma cultura pró-ativa de prevenção e melhoria nas organizações. Desta forma, é determinante analisar as oportunidades e as ameaças suscetíveis de influenciar as organizações tendo por base o contexto das mesmas. Conhecer o Contexto da Organização pressupõe que se conheçam as envolventes interna e externa da organização. Para tal, é igualmente importante proceder-se à identificação das partes interessadas que se relacionam com a organização, principalmente daqueles que possam ter influência na conformidade do produto ou do serviço ou que, de alguma forma, possam afetar a sua obrigação com os requisitos legais. Esta análise permitirá à organização compreender o seu contexto para que se possa, posteriormente, determinar os riscos e as oportunidades que dai advêm. Após a determinação dos riscos e das oportunidades, a organização estará em condições de aumentar a eficácia do sistema de gestão, facto que possibilitará a obtenção de melhores resultados, nomeadamente através da adoção de processos e serviços mais credíveis e idóneos.
Assim, o Sistema de Gestão da Qualidade passou a incluir o “pensamento baseado no risco”, inovação que deverá ser introduzida nas organizações já certificadas de acordo com a versão de 2008. Para estas organizações, a nova versão das normas assume-se como uma oportunidade para que se encare o Sistema de Gestão de acordo com uma nova perspetiva que permita o envolvimento da Gestão de Topo e das partes interessadas na gestão dos riscos e das oportunidades. Para as organizações que ainda não possuem um Sistema de Gestão, a certificação possibilitará a adoção de uma cultura de prevenção de efeitos negativos e a aposta evidente no seu desenvolvimento sustentável.
José Mota, Consultor da
XZ Consultores, SA