A generalidade dos políticos, empresários, investidores, gestores, administradores, investigadores, …, reconhece a necessidade das organizações inovarem, assumindo uma relação cada vez mais profunda, inegável e marcante entre a capacidade inovadora das organizações e a sua competitividade, em particular nos mercados mais exigentes, mais maduros, mais abertos á experimentação e à novidade e nos segmentos constituídos por produtos com um elevado valor acrescentado, ciclos de vida curtos e sujeitos a frequentes inovações incrementais e distintivas.
Contudo hoje, perante uma significativa redução dos orçamentos dedicados às atividades de I&D, os gestores são pressionados a melhorar a eficiência dos recursos que são investidos nesta relevante, prioritária, mas também consumidora de recursos financeiros e humanos cada vez mais exigentes e inacessíveis a algumas das nossas PME.
É neste contexto que os investigadores e os gestores equacionam novos modelos de inovação, entre os quais a inovação aberta, cuja simplicidade conceptual contrasta com a complexidade da sua aceitação e implementação.
Aliás tal constitui um dos maiores paradoxos da gestão: instrumentos de gestão de simples compreensão, de rápida adesão, de fácil implementação técnica, evidenciam contudo uma complexa, ruidosa e inexplicavelmente difícil implementação.
Também neste campo a inovação é fundamental e urgente com o propósito de simplificar a implementação de algumas novas abordagens organizacionais e de novos instrumentos de gestão.
Mais importante do que um inovador, promissor e poderoso instrumento de gestão, são os resultados sua implementação, face aos recursos envolvidos e às expectativas que induzem.
Contudo a inovação aberta, exemplificada na figura seguinte, e definida como sendo um “Fluxo de conhecimento entre os limites internos e externos das organizações, para acelerar os processos de inovação das empresas” (Chesbrough, 2003), é catalisadora de uma maior interação com o exterior, captando, mas também cedendo às entidades situadas na envolvente, novas ideias, nova informação e novo conhecimento, adotando estratégias que reforcem as parcerias, a multidisciplinaridade, o networking, a otimização dos recursos, frequentemente diferentes, especializados, mas complementares.
O domínio do segredo, a proteção de todo o conhecimento produzido por cada organização e o desprezo e o assassino das ideias irrelevantes para o seu negócio são valores e princípios cada vez mais abandonados pelas organizações que reconhecem na redução dos custos da investigação, na partilha dos riscos, na diversificação das fontes de financiamento, no benchmarking e na adoção das boas práticas, na antecipação das necessidades dos clientes, na valorização das inovações incrementais e no reforço da cultura de inovação.
Privilegiar, estimular e potenciar a inovação aberta constitui uma decisão estratégica que, muito frequentemente, exige a adoção de novos comportamentos e atitudes, novos valores e um novo ambiente interno.
Mas haverá alternativas?
Júlio Faceira Guedes, Administrador da
XZ Consultores, SA