Felicidade no local de trabalho, é possível?

Qual é o impacto de um bom ambiente de trabalho, no sucesso de uma organização? Será que o sucesso é proporcional à felicidade e ao bem-estar dos colaboradores? Um colaborador feliz rende mais à empresa?

Na verdade, são cada vez mais as empresas que acreditam que possuir um ambiente de trabalho agradável e saudável melhora a produtividade dos colaboradores, e posteriormente a competitividade da empresa.

Muitos dos grandes líderes empresariais portugueses, admitem que este estado emocional aliado ao envolvimento, motivação e proatividade, geram por sua vez, a criatividade, a inovação e a qualidade de produtos e serviços, que são o suporte de sucesso de um negócio.

Hoje, e cada vez mais, está em voga o conceito de “salário emocional”, porque o dinheiro não é tudo, nem compra a felicidade… Na base, consiste numa atribuição que vai muito além da remuneração salarial, propriamente dita. Da equação matemática entre o sucesso e a felicidade, resulta um quociente muito positivo designado por “funcionários felizes”, quociente que faz parte de uma equação de sucesso.

Uma cultura empresarial forte, é essencial para garantir a satisfação e o bom desempenho dos trabalhadores. Mas, o que é uma cultura empresarial? Basicamente, é o conjunto de valores partilhados por um grupo de pessoas/colaboradores que têm como objetivo unir os funcionários de uma empresa, e garantir que todos trabalham para um mesmo fim/meta.

No fundo, trabalhador que é trabalhador não quer sentir-se autómato, ou seja um robot, e sim fazer a diferença na empresa e na sociedade, por isso as empresas devem ter um propósito para além do lucro, ou seja, podem (e devem!) apoiar projetos de responsabilidade social, algo que vai muito para além do lucro e da própria promoção da imagem empresarial. Os funcionários que despendem algum do seu trabalho em prol de uma missão de solidariedade social são mais felizes, logo mais produtivos.

Em segundo lugar, nenhum trabalhador gosta que lhe seja dito como fazer tudo (exceto os estagiários, mas até estes se cansam!) As pessoas trabalham mais e melhor quando lhes é atribuído poder de decisão, podendo desta forma, expressar a individualidade, assumir maior responsabilidade e riscos também.

Todas as opiniões devem ser consideradas. Se um funcionário tiver boas ideias, mas se nunca tiver permissão para avançar com as mesmas, deixará de as ter. Esta situação conduz à estagnação empresarial e torna os trabalhadores infelizes. Em contrapartida, se a administração ajudar os funcionários a evoluir, os mesmos percebem que estão num emprego de futuro, e esforçam-se para superar os objetivos.

Um outro, ingrediente poderá ser a boa comunicação interna e externa. Funcionários felizes têm boas relações interpessoais dentro e fora do escritório. Mas para isso, é preciso fomentar esta relação entre todos os trabalhadores, promovendo o desenvolvimento da cultura empresarial. Por exemplo, hoje em dia, algumas empresas optam, por organizar jantares de aniversário da mesma e de natal, ou ainda atividades de team building – socialização – o que desta forma, facilita a comunicação entre  todos os colaboradores, e haverá mais espaço e confiança para expressar e partilhar (boas) ideias. 

O que acontece, por vezes, é que os colaboradores têm “medo” da avaliação dos resultados anuais. Porquê? Porque durante o ano não souberam se estavam a agir corretamente, por isso, temem uma avaliação menos positiva. Assim sendo, ao dar feedback regularmente, dá-se a possibilidade aos empregados de melhorem a sua performance, e quando forem avaliados no final do ano, já tiveram a oportunidade de adequar os próprios procedimentos, e a avaliação será, naturalmente, positiva e gratificante.

Acrescentar a todo isso, para manter os funcionários felizes, a empresa deve estar atenta à saúde física e mental. Um funcionário saudável é mais produtivo e falta menos vezes.

Os funcionários estão sobrecarregados de trabalho? Algum funcionário tem problemas familiares que estão a impedir o bom desempenho da função? Se necessário, a empresa pode dispensar dias de férias extra. Sem dúvida, que estas medidas fortalecem o vínculo emocional entre o trabalhador e a empresa.

Por fim, é essencial não confundir cultura empresarial com benefícios. Os benefícios como, dias de férias extra ou almoços grátis, são excelentes mas não suficientes. A cultura empresarial é muito mais que isto, é a estrutura de valores e crenças partilhadas por todos.

Ao criar uma empresa, a cultura empresarial tem de estar definida desde o início. E é importante que a mesma não seja alterada. Em resumo, funcionários felizes são aqueles que sentem-se valorizados e reconhecidos numa cultura empresarial bem definida, sólida e estruturada.

Felicidade no trabalho não é um mito, muito pelo contrário. Além disso, a impressão de que é algo misterioso e intangível deve ser abandonada de vez! E o clima económico adverso que enfrentamos, pode ajudar (e muito!) a explorar esta área dos recursos humanos, ainda pouco valorizada e trabalhada.

Penso que, o capital humano depende sobretudo de dois elementos, o capital social e o psicológico. O primeiro refere-se à força dos relacionamentos entre os trabalhadores e a união de valores e objetivos. E esta união, só acontece quando os trabalhadores são uma fonte de capital psicológico, e que possuem características como a resiliência, motivação e energia.

Porquê que a felicidade não é levada a sério no local de trabalho? O dinheiro não compra a felicidade. E o contrário? Será que a felicidade contribui, efetivamente, para o sucesso dos negócios? E Você, já se questionou, se os seus colaboradores estão felizes na empresa?  

Semear a “felicidade laboral” pode não ser uma tarefa fácil, mas a “colheita dos frutos”, compensa…   

Vânia Campos

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