Falências Duvidosas...

Falencias Duvidosas

Os últimos acontecimentos vividos por alguns grupos económicos nacionais tem demonstrado a imperiosa necessidade de repensar o papel dos reguladores, assim como dos auditores, e provado que os investidores e fornecedores têm também de reforçar o controlo das entidades nas quais investem as suas economias e/ou fornecem produtos ou serviços.

Embora presuma ser uma pessoa bem informado, confesso que não compreendo como é que uma empresa cujas contas nos últimos dez anos revelam resultados económico-financeiros positivos, nalguns casos muito significativos, de um momento para o outro, sem qualquer evolução do negócio que o justifique, se declara incapaz de cumprir as responsabilidades que assumiu perante os seus trabalhadores, fornecedores e sociedade, sendo estes confrontados com informação que revela débitos brutais da empresa na qual sempre confiaram. 

Eu reconheço que, face ao comportamento do mercado, á estratégia assassina de alguns concorrentes, a nova regulamentação e legislação, aos atrasos crónicos no pagamento de algumas organizações do sector público, à obsolescência de alguns produtos, ao surgimento de novos países industrializados, à adoção de estratégias protetoras de alguns países, ao surgimento de produtos inovadores, …, algumas empresas reconheçam a necessidade de pôr termo á sua atividade.

Toda e qualquer organização tem um ciclo de vida e a decisão de encerrar uma empresa deve ser respeitada, particularmente quando tal é a melhor opção para a sociedade.

Mas quando reconhecemos que é a decisão mais fácil, que tem como único objetivo assegurar o perdão de uma parte importante da divida, obter condições extremamente favoráveis para o pagamento da parte que não é perdoada, ganhar competitividade às empresas cumpridoras, …, não é moral e eticamente aceitável para os concorrentes, para os fornecedores e trabalhadores que assumem uma parte dos custos e para a sociedade que, frequentemente perdoa uma parte dos débitos que essas empresas têm à segurança social e finanças.

Mas este cenário, demasiado perturbante, imoral, inaceitável, pois favorece quem não cumpre, espante-se é legal e enquadrável nos Processos Especiais de Revitalização, os famosos PER´s que, frequentemente, são uma antecâmara de uma posterior insolvência.

A agravar todo este cenário, constata-se que alguns dos empresários que instauram o PER para as suas empresas, nos meses anteriores descapitalizaram as suas empresas, às vezes recorrendo a métodos e abordagens ilegais, optando muitas vezes por um divórcio, só e apenas para preservar bens, assumindo um papel de arrogância e desprezo pelos seus trabalhadores e fornecedores.

Estes deveriam ser fortemente penalizados pela justiça e excluídos da sociedade empresarial. 


Júlio Faceira Guedes
Administrador da XZ Consultores SA

<< Voltar