Conciliação e Responsabilidade Social Empresarial (RSE) - OBSERVATÓRIO de RH

Artigo efr

Como os nossos leitores sabem, nesta série de artigos estamos a aprofundar as relações causa-efeito da conciliação, sendo que no presente artigo dedicamo-nos a analisar as relações com a Responsabilidades Social Empresarial.

O que gostaria de precisar em primeiro lugar é que a Responsabilidade Social Empresarial é também a causa de múltiplos efeitos doseados, como acontece na conciliação. A diferença pode radicar na magnitude de ambos os conceitos, a Responsabilidade Social Empresarial é muito mais “macro”, no meu entender excessivamente macro e, é por isso, que podemos considerar a conciliação como uma causa de outra causa maior como é a RSE.

No nosso entender, a relação entre a conciliação e a RSE é contundente. Só podemos analisar os documentos normativos ou marcos conceptuais de referência no nosso país e, no contexto mundial, como é no caso da ISO 26000, SGE21, RS10, marcos conceptuais da RSE elaborado pela AECA, …

Não há lugar a dúvidas, a conciliação é parte da RSE e não vamos despender mais energia nesse assunto. As questões a partir de agora são duas:

  1. Quão importante é a conciliação no contexto da RSE? É uma assinatura menor ou, pelo contrário, uma das mais significativas?
  2. Que grupos de interesse afeta? Só os colaboradores, como parecem assinalar alguns dos documentos mencionados anteriormente? 

Começando pelo primeiro…

A importância, o peso relativo da conciliação no bolo da RSE depende, por sua vez, de alguns fatores intrínsecos às organizações.

  1. Setor de atividade
  2. Informação estratégica de atração e retenção de talento
  3. Tamanho

A nossa experiência demonstra que a conciliação é um dos principais guias em todas as organizações cujo setor de atividade não está muito regularizado a partir da perspetiva das relações laborais, como parece acontecer nos setores denominados de “Serviços” que, por certo, são a maioria no nosso país.

Adicionalmente, é especialmente importante naquelas organizações que, estrategicamente, decidiram apostar em gerar a marca do empregador (de bom empregador, entenda-se) e encontram-se a desenhar a implementar políticas para atrair e reter talento.

Por último, a conciliação converte-se em algo essencial (mais que importante) nas pequenas e médias empresas (PME). Onde a coerência, o pragmatismo e a proximidade são valores incontornáveis, a conciliação é um pilar básico da RSE, já que, de todas as possibilidades que apresenta uma PME de implementar a RSE, é a conciliação a que proporciona um maior valor partilhado entre a própria organização e a sociedade.

A conclusão desta primeira parte pode ser a de que a conciliação é um fator de máxima importância para muitas PME e as restantes organizações que querem levar a cabo políticas de Gestão de talento e de interesse médio em empresas que estão regularizadas em matéria de relações laborais, bem como em alguns setores industriais, em que outros aspetos como a proteção do meio ambiente podem ser muito influentes.

Agora passamos para a segunda das questões que apresentamos…

Que a conciliação tem como grupo de interesse os colaboradores de uma organização é inegável mas, no nosso parecer, é excessivamente reducionista e simplista. A conciliação tem efeitos sobre muitos outros grupos de interesse que embora não pareçam tão diretamente relacionados com os próprios colaboradores, não deixam de ser muito significativos.

Queremos dizer que, através da conciliação, conseguiremos impactos benéficos sobre a infância, sobre as Pessoas em situação de dependência e as Pessoas com deficiências e incapacidades, em particular as famílias, a maternidade, os imigrantes, na nossa saúde e bem-estar, …

O caráter universal da conciliação pode afetar precisamente muitos grupos de interesse que são habitualmente esquecidos nos documentos elaborados em matéria de RSE.

Como conclusão podemos afirmar que a conciliação é um elemento da RSE, com impacto multistakeholders, uma vez que pode afetar diferentes partes interessadas numa só vez. Se o impacto é maior numas comparativamente com outras depende das decisões acerca do tipo de conciliação que cada organização decida levar a cabo, não existindo relações concetuais.

 

RSE PME’s

A RSE é um compêndio de objetivos e estratégias que permitem às empresas gerir as expectativas e necessidades de diferentes grupos de interesse para incorporá-los na sua estratégia de negócio.

É tal a amplitude do conceito de RSE que, em muitos momentos e, em especial nas PME produz-se uma perda de enfoque, um afastamento da realidade, assemelhando-se a RSE a algo que devem fazer as grandes empresas multinacionais para compensar os danos que causam e mitigar com uma espécie de “esmola” os seus abundantes benefícios”. 

Não obstante, as PME devem responder a este desafio como parte inerente da sociedade que são. No caso espanhol, poderíamos acrescentar que são a parte essencial do tecido produtivo.

Têm um papel social que vai para além dos resultados mas, na maioria dos casos, não se sentem comprometidas com aquele papel, seguramente porque a mensagem da RSE não termina nelas.

A conciliação em geral e o modelo efr em particular é uma excelente oportunidade para aproximarmos a RSE das PME e dotar a sua estratégia de coerência. A mensagem é ocupa-te dos teus colaboradores, centra-te nas suas necessidade e só quando consegues todos ou a maioria deles deves passar a outro âmbito da RSE. Desta forma aumentar-se-á o compromisso dos colaboradores e, com isso, melhoraremos a competitividade. Que melhor forma de fazer SER?!

 

 

Roberto Martínez
Diretor de Fundación Másfamilia

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