Portugal tem de crescer. Mas como?

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O consenso em Portugal em muitos poucos momentos é concretizável. Contudo, todos, sem qualquer exceção, reconhecemos a necessidade de criar condições para que a nossa economia cresça. A questão é como?

Alguns assumem publicamente que o crescimento deve ser consequência do aumento do investimento público, mesmo que tal implique induza um aumento do défice público e da renegociação da divida, outros optam por reconhecer que o crescimento não pode, nem deve, ser sustentado pelo aumento do investimento público, mas sim um incremento das exportações de bens e serviços transacionáveis num mercado global, fortemente concorrencial, seja no turismo, agroindústria, saúde, industria tradicional, ….

Portugal está a otimizar o seu potencial quer no turismo, sector no qual surgem novas franjas de mercado, exploradas de uma forma inegavelmente inovadora, arrojada, exigente, como é o caso do turismo em torno do rio Douro, o turismo religioso, o turismo sénior, o turismo rural, frequentemente integrada com a gastronomia, incentivada por um sistema fiscal amigo dos reformados europeus, estimulado por um parque habitacional som excelentes oportunidades de investimento e por um conjunto de entidades que intervêm no sector da saúde com preços fortemente competitivos.

Os pequenos, mas promissores, investimentos no sector agrícola, orientado para franjas de mercado deficitárias, mas com capacidade de aquisição, proporcionam também confiança na sua rentabilidade e no seu contributo para o reforço das nossas exportações.

Na indústria, o cenário parece mais dinâmico, complexo e exigente, sendo reconhecido que os fatores críticos para o sucesso são efémeros, influenciáveis por fatores não previsíveis pelos empresários e geríveis pelos gestores.

Alguns destes fatores, decorrentes das políticas e estratégias adotadas pelos nossos governantes, não são amigas do investimento, não são encorajadoras do crescimento, não são atrativas para os investidores externos, não são competitivas face às decididas por outros governos, não são indutoras de ganhos de produtividade, não são tão flexíveis nem estáveis como as que vigoram em países concorrentes, não inspiram confiança e sem esta não há investimento e sem investimento não há crescimento.

Portugal tem excelentes empresários, audazes, convictos das suas qualidades, gestores com competência reconhecida internacionalmente e trabalhadores que, quando motivados e implicados, obtêm elevadas produtividades.

É verdade que o sector privado também está fortemente endividado, com sérias insuficiências de recursos financeiros, mas com estabilidade, confiança e crédito, cumprirá a sua missão.

Portugal não pode investir milhões de euros no desenvolvimento de um ambiente, competências, conhecimento e capacidade de influência à escala global nas indústrias das energias renováveis, na mobilidade elétrica, no papel, na industrial automóvel, …., e, consequência da alteração politica do governo tudo é alterado, novas estratégias são adotadas com o pressuposto de que tudo o que foi feito está errado e, como tal, tem de ser profundamente alterado, mesmo que tal tenha custos incalculáveis para os contribuintes e para a sociedade portuguesa.

Os nossos governos podem argumentar que não é sua missão criar postos de trabalho, mas também devem assumir que não têm o direito de os destruir com um simples decreto-lei.

Júlio Faceira Guedes
 XZ Consultores SA

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